Começou nesta quinta-feira, 10 de abril, o Lab Fototaxia – laboratório de expeimentação fotográfica, com orientação do fotógrafo e educador Miguel Chikaoka.
A atividade, que seguirá até junho, reúne coletivos de diferentes trajetórias e atuações para uma imersão sensível no universo da luz e da imagem, entendida aqui não como produto, mas como processo. O número de inscrições surpreendeu, o que levou o projeto a bater metas logo de cara.
“Não era uma inscrição individual comum, em que se abre o formulário e pronto. A dinâmica exigia uma conexão com a organização ou grupo do qual a pessoa faz parte. Em muitos casos, foi preciso um tempo de escuta e escolha dentro dos próprios coletivos. Isso, por si só, já trouxe uma outra qualidade ao processo”, comenta Miguel Chikaoka.
Foram mais de 40 inscrições recebidas, o que levou à decisão de dividir o laboratório em duas turmas, com atividades durante a semana e aos finais de semana, respeitando os diferentes ritmos de trabalho e atuação dos coletivos participantes. “Alguns grupos atuam principalmente nos fins de semana, outros têm integrantes que só podem à noite ou durante a semana. Adaptamos a proposta para acolher essa diversidade.”
A pluralidade também marca os perfis dos coletivos selecionados: estão presentes iniciativas recém-criadas e outras com mais de quatro décadas de atuação, como o CEDENPA e o EMAÚS. “É emocionante perceber esse encontro entre tempos e experiências. É um ambiente coletivo, um coletivo de coletivos”, resume Miguel. Mais do que ensinar técnicas ou obter resultados fotográficos, o Lab Fototaxia propõe uma vivência sobre o olhar.
“A fotografia aqui é quase uma desculpa. O foco é o fazer, o engajamento, a escuta, o reconhecimento do lugar da luz e como ela se apresenta aos nossos olhos. A ideia é provocar uma trilha coletiva, sem saber de antemão onde ela vai dar”, explica o educador.
Durante o laboratório, os participantes serão convidados a refletir sobre o papel da imagem na contemporaneidade, sua relação com a memória, os acervos e as possibilidades de expressão, formação e geração de renda dentro das próprias comunidades.
“O que me emociona é esse espectro de possibilidades: tem coletivo que quer levar a experiência para dentro da sua base, outros querem ativar memórias, há quem deseje formar internamente seus membros. É uma trama potente.”
A programação se encerrará em junho com uma etapa de análise e leitura das produções, que culminará em uma exposição coletiva. Mas, como reforça Chikaoka, não se trata de uma mostra de resultados, e sim de ressignificações. “Será mais um passo nesse caminho de leitura de imagens, de processos, de sentidos que se constroem a muitas mãos.”
A oficina LAB FOTOTAXIA – Gênese das Imagens e os Processos Criativos e Educativos é projeto aprovado no edital PNAB – Lei Aldir Blanc (Edital 004/2024). O objetivo é descentralizar e democratizar o acesso à educação fotográfica, oferecendo uma imersão no universo da fotografia, com foco na luz como elemento pedagógico.
Mais informações: @kamarakogaleria