Danielle Fonseca. Foto: Divulgação.

Um mergulho na criação de Disco-poema, o segundo livro de Danielle Fonseca

Em Disco-poema, Danielle Fonseca traça um percurso onde literatura e música se entrelaçam de forma indissociável. O livro, que será lançado no próximo dia 15 de fevereiro, às 10h30, na Galeria Elf, nasce de uma investigação poética sobre a relação entre palavra e ritmo, entre as letras das canções e os versos escritos. Danielle questiona as fronteiras entre poesia e composição musical, apostando na fusão dessas linguagens como forma de aproximar a literatura do público.

Em entrevista ao Holofote Virtual, a artista revela como suas referências emergem tanto do universo musical quanto da tradição poética. De Baco Exu do Blues a Marina Lima, suas influências transitam entre o rap, a cultura pop, a filosofia e as batalhas de rimas, incorporando diferentes cadências à sua escrita. Disco-poema é um livro que pode ser lido, ouvido e visto.

O novo livro representa a continuidade de uma trajetória artística marcada pela fusão entre palavra, imagem e som. Danielle Fonseca é uma artista visual e escritora cuja poética transita entre a literatura, a filosofia, a música e a paisagem, explorando diferentes formas de expressão para dar corpo às suas ideias.

Desde sua primeira exposição individual, Contraia os olhos: subitamente o ar parece estar mais salgado (2013), realizada na Galeria Kamara Kó, em Belém, Danielle mantém um diálogo constante entre sua produção artística e referências literárias marcantes. Autores como Gertrude Stein, Virginia Woolf e os concretistas Haroldo e Augusto de Campos moldaram seu olhar sobre a palavra como imagem, som e gesto. Essa influência também atravessa Disco-poema, onde a poesia se desenha em camadas, ritmos e jogos visuais.

Em 2021, a artista lançou seu primeiro livro de poesias, Nenhum outro som no ar pra que todo mundo ouça, uma publicação que emergiu em meio ao isolamento da pandemia e teve um lançamento exclusivamente virtual. Agora, com Disco-poema, Danielle retorna ao encontro físico com o público, celebrando a obra em um evento presencial, onde a poesia poderá ser compartilhada de maneira sensorial e direta.

Mas sua trajetória vai além da literatura. Surfista e artista da resistência – como define Keyla Sobral no prefácio da obra –, sua produção é também um ato de presença, um enfrentamento contra o apagamento da sensibilidade. Em Disco-poema, ela reafirma essa pulsação ao transformar a escrita em uma experiência sinestésica, onde o leitor é convidado a sentir, ouvir e dançar cada verso.

A conversa a seguir também aborda a emoção de realizar um lançamento presencial, após a experiência virtual de seu primeiro livro. A poeta compartilha suas expectativas para esse reencontro com os leitores e fala sobre a homenagem a Max Martins, cuja influência permeia sua trajetória artística.

Na entrevista, Danielle Fonseca fala mais sobre suas inspirações, seu processo criativo e a construção desse livro, que desafia a poesia a expandir seus próprios limites.

A poesia como som, imagem e movimento

Luciana Medeiros: Como a música, a literatura e as diferentes formas de linguagem se entrelaçam no processo criativo de “Disco-poema”? Você poderia contar mais sobre como essas influências se refletem em sua escrita neste livro?

Daniele Fonseca: Nesse novo livro me dediquei a pesquisar essa relação entre literatura e composição musical, melhor dizendo, as letras das canções. Essas relações, conexões são muito presentes nas mais diversas formas de escrita, me questionei muito naquela velha máxima “podem ser canções, poesia?” , creio que sim, e mais, são as canções que fazem com que as poesias, poetas e escritores cheguem mais perto do público, dos leitores, etc. O livro é uma homenagem a todas essas relações entre literatura e música, e também às diversas formas de linguagem.

L.M.: No texto de apresentação, Keyla Sobral menciona que você dialoga poeticamente com referências como Baco Exu do Blues e Marina Lima. Quais foram os desafios e prazeres de trazer essas inspirações para seus poemas?

D.F.: Durante a escrita do livro, percebi que minhas referências literárias na verdade vieram primeiro das canções, perceber em Baco Exu do Blues tanta poesia quanto em Marina Lima pra mim foi fundamental. Baco tem suas letras, ritmo fundados no rap e hip hop, que são pura palavra. Um exercício riquíssimo, tem memória, som, rima. Marina nos apresenta uma outra linguagem, mas ainda focada na palavra, literatura, filosofia e cultura pop, assim como o rap. Tentei escrever alguns poemas usando alguns recursos das batalhas de rimas, metáfora para esses conceitos e desafios a que me propus.

L.M.: Seu primeiro livro foi lançado durante a pandemia de forma virtual. Como você está vivenciando agora a experiência de poder realizar um lançamento presencial para “Disco-poema”? Quais são suas expectativas para este momento?

D.F.: Estou muito feliz, e finalmente poder lançar presencialmente um novo livro, é poder encontrar o público, os amigos e amigas, ver as reações de perto em torno dos poemas. Ansiosa para essa troca.

L.M.: O título “Disco-poema” é uma homenagem ao poeta Max Martins. Como a obra e o legado dele influenciaram sua trajetória artística e a concepção deste livro?

D.F.: Sim, o título faz parte de um poema do Max chamado “D” que gosto muito. Max é uma das minhas maiores referências da poesia contemporânea, fiz várias pesquisas e trabalhos em artes visuais sobre a obra dele. É um dos mais inventivos, contemporâneo, poeta-criador que conheci, e sigo lendo até hoje.

L.M.: Além da poesia escrita, “Disco-poema” também explora a poesia visual e concreta. Como foi o processo de unir esses estilos no livro e de que forma eles complementam sua expressão artística?

Sim, a poesia visual e a concreta fazem parte do meu percurso com a escrita. São linguagens muito próximas das artes visuais, da música, não a toa a base dessas poesias chama verbivocovisual, a tríade que busco trazer no livro, espero ter conseguido (risos).

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