Aos que não são da terrinha, saibam que carimbó é uma manifestação cultural profundamente enraizada em Icoaraci, distrito de Belém conhecido por sua forte tradição artesanal e musical. De origens indígenas, com influência africana, foi em comunidades como Icoaraci que o carimbó se consolidou como uma expressão marcante da cultura paraense.

Um dos principais polos do gênero, abrigando mestres e grupos fundamentais para a difusão do gênero, como o Conjunto Uirapuru, de Mestre Verequete, Icoaraci mantém viva a tradição por meio da transmissão oral, das rodas de domingo e da confecção artesanal dos instrumentos típicos – como tambores, maracas e banjos – que garantem autenticidade do som.

Neste final de semana confira isso e muito mais no III Festival de Carimbó de Icoaraci, que trará vivências com mestres e novas gerações, show instrumental, projeções audiovisuais, com Sonora Iqoaraci, palco aberto e feira de empreendedores, além, claro, de uma grande roda de carimbó. Anote: sábado (22) e domingo (23),  no Espaço Cultural Coisas de Negro.

O festival também prestará homenagem póstuma aos mestres Coutinho, Saraiva, Bené e Tabaco, antigos integrantes do conjunto Uirapuru do Mestre Verequete.  “O carimbó é uma arte de resistência. Homenageamos aqueles que pavimentaram esse caminho e seguimos ampliando esse legado para novas gerações”, comenta Mestre Nego Ray, coordenador do festival e do Espaço Cultural Coisas de Negro.

Entre os destaques deste sábado, a programação traz, às 19h, apresentação do pocket  “Som do Barro” com Silvio Barbosa, professor de música, pesquisador e criador da flauta de barro, um instrumento que incorpora novas sonoridades ao carimbó.

Já no domingo, após a abertura do espaço, a roda não para. Fiquem até o final, quando entra em cena Nego Ray, mestre do Espaço Coisas de Negro, convidando Luizinho Lins e Carimbó Tamaruteua.

Roda de Carimbó celebra um quarto de século

A primeira edição do festival aconteceu em 2010, celebrando uma década de resistência do espaço. A segunda, em 2021, foi realizada virtualmente devido à pandemia. Em 2025, em sua terceira edição, o evento celebra os 25 anos da Roda de Carimbó de Icoaraci, consolidada como um espaço de encontros intergeracionais.

“Ao longo desses anos, a roda se tornou mais que uma celebração musical; é um elo entre pessoas de diferentes histórias e idades. O carimbó nos conecta ao bem viver e nos lembra de nossa relação essencial com a natureza”, destaca o banjista, cantor e compositor Luizinho Lins.

Para Priscila, o festival reforça o compromisso com a salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro, promovendo trocas de saberes entre mestres e jovens músicos. Viabilizada pelo edital Pontos e Pontões de Cultura (Lei Paulo Gustavo/Secult-PA/Ministério da Cultura), esta terceira edição marca também o retorno ao formato presencial, com uma programação plural e gratuita

“Queremos ampliar o acesso à arte e cultura local de forma gratuita e fortalecer a cena carimbozeira paraense. Icoaraci é um polo de referência para o carimbó, inspirando e renovando a cena musical em Belém e na região metropolitana. Nosso trabalho é visibilizar essa potência cultural, reafirmando a importância da cultura popular paraense e amazônica”, conclui Priscila.

O projeto do festival entra no mês de março também na quinta-feira, 6, realizando sua contrapartida social, com atividade em parceria com a Escola Municipal Ciro Pimenta (Conjunto Eduardo Angelim).

A partir das 19h30, o Espaço Coisas de Negro recebe a Vivência de Carimbó: ancestralidade, ritmo, poesia & resistência, com Mestres Nego Ray, Jaci e Priscila Cobra. E a partir das 20h30 tem pocket com Iris Selva e Pássaros Urbanos. Já te agenda!

PROGRAMAÇÃO

SÁBADO (22/02)

Chegança convidados e abertura do Coisas de Negro – 16h

17h às 19h – Vivência de Carimbó: ancestralidade, ritmo, poesia, resistência e construção de instrumentos (com Mestres Nego Ray, Jaci, Mestra Nazaré do Ó e Priscila Cobra)

19h – Pocket Show Instrumental: “Som do Barro” com Silvio Barbosa

20h – Palco aberto

Projeção Sonora Iqoaraci + Feirinha com “Pretas Paridas da Amazônia”.

DOMINGO (23/02)

Abertura do Coisas de Negro – 16h

Início da Roda de Carimbó – 17h

17h às 17h30 – Grupo de Manifestações Parafolclóricas Parananin

17h40 às 18h10 – Expressões Parafolclóricas Uirapuru

18h20 às 18h50 – Regional Jurupari

19h às 19h50 – Mestre Ney Lima & Os Falsos do Carimbó

20h às 20h40 – Conjunto de Carimbó Águia Negra

20h50 às 21h40 – Mestre Jaci e Os Caçulas da Vila convida Priscila Cobra

21h50 às 22h20 – Regional Tarubá

22h30 às 23h10  – Grupo Os Africanos de Icoaraci

23h20 a 00h10 – Conjunto Batucada Misteriosa convida Mestre Lourival

00h20 a 01h10 – Mestre Nego Ray & Carimbó de Icoaraci convida Luizinho Lins e Carimbó Tamaruteua

QUINTA-FEIRA (06/03) –  Escola Municipal Ciro Pimenta (Conjunto Eduardo Angelim)

19h30 a 20h30 – Vivência de Carimbó: ancestralidade, ritmo, poesia & resistência (com Mestres Nego Ray, Jaci e Priscila Cobra)

20h30 a 21h – Roda de Carimbó com Iris Selva e Pássaros Urbanos

Serviço

III Festival de carimbó de Icoaraci – Espaço Cultural Coisas de Negro – Icoaraci, Belém-PA – Av. Dr. Lopo de Castro, 1081 – Cruzeiro. Neste sábado (22) e domingo (23). Evento gratuito.