O luthier Sebastião Galvão visitou o Museu de Arte Sacra de Belém na semana passada, para avaliar três instrumentos musicais que pertenceram a Tó Teixeira, um dos grandes nomes da música paraense., um cavaco, um violão e um contrabaixo, que farão parte da exposição “Tó Teixeira – Mergulho na Vida e Obra”, a ser inaugurada no próximo dia 3 de abril, no Museu da Imagem e do Som do Pará, abrigado no Centro Cultural Palacete Faciola.
A iniciativa, uma realização da Kamara Kó Fotografia contemplada pelo Edital Rouanet Norte, busca reafirmar a relevância da trajetória do músico através de documentos, fotografias e registros sonoros, além dos instrumentos que foram cuidadosamente preservados. Os itens analisados incluem um cavaquinho Giannini, um violão ressonador e um contrabaixo de três cordas, atualmente salvaguardados pelo Sistema Integrado de Museus.
Segundo Sebastião Galvão, as peças apresentam um bom estado de conservação e passarão por uma restauração mínima antes de serem exibidas ao público. “A ideia é manter ao máximo sua autenticidade, respeitando a história de cada um deles”, ressaltou o luthier durante a inspeção.
Galvão destacou a raridade e o valor histórico das peças. Segundo ele, o violão ressonador deve datar entre as décadas de 1960 e 1970, enquanto o cavaquinho Giannini, um modelo do início dos anos 1970, se encontra em excelente estado. O instrumento necessita apenas da substituição das cordas e lubrificação das tarraxas, que ainda são as originais de bronze da época.
Já o contrabaixo de três cordas, um instrumento pouco comum, chamou a atenção do luthier. “É a primeira vez que vejo um contrabaixo assim. Deve ser uma peça valiosíssima”, comentou.
Apesar de seu estado geral ser considerado excelente, Galvão ponderou sobre a aplicação excessiva de verniz na peça, que, embora proteja da umidade, poderia comprometer suas características originais. Para a restauração, ele sugere um ajuste leve no verniz, além da reposição do cavalete e das cordas.
Galvão relata trajetória como aluno de Nikola Minev

Com décadas de experiência como luthier, Sebastião Galvão iniciou sua jornada na arte da construção e manutenção de instrumentos na Fundação Carlos Gomes, onde era aluno de violão clássico do professor Antônio Carlos Braga, conhecido como Careca Braga. O interesse pela luteria surgiu de maneira inesperada, quando, a convite de um amigo, visitou a oficina do Conservatório Carlos Gomes e conheceu o mestre Nikola Minev, que se tornaria seu professor.
“A princípio, achava impossível construir um instrumento musical. Mas ao ver Nikola trabalhando, fiquei admirado”, relembra Galvão.
Nos anos 1990, após um encontro fortuito com a professora Gloria Caputo, na época a superintendente da Fundação Carlos Gomes, recebeu dela um convite para se tornar aluno do conceituado luthier. Com dedicação e aprendizado, anos depois abriu sua própria oficina, onde desde então se dedica exclusivamente à construção e restauração de instrumentos musicais.
A exposição “Tó Teixeira – Mergulho na Vida e Obra” promete ser um marco na valorização do legado de Tó Teixeira, reunindo registros fotográficos do artista, assinados por Miguel Chikaoka e documentos reunidos pela pesquisa do músico Salomão Habib. E graças ao trabalho de conservação e restauro, os instrumentos que marcaram sua trajetória estarão devidamente preparados para serem exibidos, permitindo que o público conheça de perto uma parte fundamental da história musical do Pará.
(Agência: Holofote Virtual)