Na fronteira entre tradição e experimentação, o Festival Experimental de Danças Paraense (FEDAPA) chega à sua terceira edição reafirmando corpos amazônicos. O evento será, em maio, de 9 a 17, em espaços de criação coletiva, onde a dança é entendida como linguagem que articula identidade, memória e futuro.
As inscrições para oficinas e batalhas de dança estão abertas, até 5 de maio. A programação, gratuita, será no espaço Ilé Asé Iyá Ogunté (Ananindeua) e do Benguí (Belém), respectivamente.
Um dos principais festivais voltados à valorização das danças de origem popular e periférica no Pará, o FEDAPA foi idealizado pelo Coletivo Dance e Recrie o Mundo, com objetivo de provocar o encontro entre os saberes tradicionais da cultura popular e as estéticas contemporâneas, promovendo uma escuta ativa dos territórios e das juventudes que criam e recriam a dança amazônida.
“Esta edição representa a transmissão das nossas danças e dos nossos patrimônios imateriais, com o propósito de contribuir para a manutenção da nossa cultura e das identidades amazônicas”, afirma Maya Lima, produtora executiva do evento, que agora também é reconhecido como Ponto de Cultura pela Secult-PA.
Oficinas e batalhas: a dança como pedagogia viva

Essa conexão está presente também nas ações formativas que se destaca por sua proposta de conectar o carimbó, o tecnobrega, o lundu e o brega da saudade com danças afro-brasileiras, urbanas e até com o bregafunk. As oficinas — abertas ao público mediante inscrição — pretendem estimular a experimentação como prática criativa, valorizando a versatilidade da dança paraense como base para trocas entre diferentes linguagens do Brasil e do mundo.
Um dos pontos altos da programação: as Batalhas de Danças Experimentais, que são divididas em duas categorias: Casal/Dupla, voltada a dançarinos ligados aos fã-clubes de tecnobrega e ritmos afins; e Solo/Individual, onde a liberdade de criação é o eixo para a fusão entre elementos paraenses e outras influências coreográficas.
Em ambas, os critérios de avaliação incluem fluidez, criatividade, composição coreográfica e identidade regional. Os vencedores recebem premiação em dinheiro: R$ 2.000 (Casal) e R$ 1.000 (Solo), mas a intenção vai além do incentivo material. “O intuito é valorizar os artistas que se debruçam sobre as danças paraenses em suas carreiras”, pontua Maya.
Movimento periférico, política e protagonismo amazônida

Criado em 2016 por jovens de bairros periféricos da Grande Belém e estudantes da UFPA, o coletivo que realiza o FEDAPA aposta na dança como ferramenta de transformação e expressão de mundo. Ao ocupar espaços como a Usipaz, o festival rompe barreiras geográficas e simbólicas, democratizando o acesso à arte e tornando visível a produção cultural das bordas da cidade. “Experimentar, para nós, significa praticar, transmitir e criar”, resume o coletivo.
A terceira edição do festival só é possível graças ao apoio de políticas públicas federais como a Lei Paulo Gustavo e a Lei Aldir Blanc 2024 (PNAB). A presença do festival nesses circuitos de fomento revela novas iniciativas independentes e também a urgência de uma política cultural que reconheça os saberes locais como centrais para pensar um país mais plural.
Serviço
3ª edição do FEDAPA – Festival Experimental de Danças Paraense. Inscrições gratuitas para oficinas e batalhas de dança: de 14 de abril a 5 de maio. Link de inscrição: https://forms.gle/giubebBW8DQ8BWre7
Programação presencial:
09 de maio de 2025
Local atualizado: Ilé Asé Iyá Ogunté
Rua Nove, nº 26, Conjunto Júlia Seffer, Bairro Águas Lindas, Ananindeua (PA)
Horário: 14h às 21h
17 de maio de 2025
Local: Usipaz do Benguí, Belém (PA)
Horário: 14h às 21h30