A indústria da moda é uma das mais lucrativas do mundo, mas também uma das mais problemáticas quando se trata de impactos ambientais e direitos humanos. A Amazônia, um dos biomas mais ricos e essenciais para o equilíbrio climático do planeta, também sente os reflexos dessa indústria predatória.
De 24 a 29 de março, a Semana de Moda Amazônica, no Pátio Belém, pretende questionar e reinventar os rumos da moda na região. O evento propõe um olhar sustentável, alinhando criatividade com respeito ao meio ambiente e aos povos que há séculos preservam a floresta. torna-se um espaço importante para questionar e reinventar os rumos da moda na região.
Idealizado por Alcimara Braga, estilista e criadora do Movimento Moda Paraense, o evento propõe uma alternativa ao modelo de produção e consumo vigente, promovendo o fortalecimento de criadores locais, o respeito à ancestralidade e o uso consciente dos recursos naturais da Amazônia.
“Tentei criar uma programação inclusiva e diversa. Chamei alguns profissionais que já foram meus professores , professores amigos de trabalho na instituição onde trabalho, coletivos de moda e outros criadores e pessoas que atravessaram em minha vida nessa jornada pela moda em outros eventos , as quais percebi que tinham os mesmos propósitos”, pontua a curadora do evento.
A relação entre moda e meio ambiente tem sido amplamente debatida por ambientalistas e ativistas dos direitos humanos. A indústria da moda, de acordo com dados da ONU, é responsável por cerca de 10% das emissões globais de CO₂, além de ser uma das maiores consumidoras de água doce e geradora de resíduos têxteis.
“É essencial incentivar o movimento slow fashion, que prioriza a produção artesanal, autoral e sustentável. Apostar no uso de biojóias, bolsas de palha e fibras naturais da nossa região é um passo poderoso nessa direção”, aponta Alcimara.
Garantir que a exploração de seus recursos seja feita de forma responsável é o grande desafio e será um dos temas debatidos na Semana de Moda Amazônica, em painéis como “Moda Sustentável e Resgate de Identidades: Saberes Ancestrais na Amazônia”, que trará a visão de mulheres indígenas e especialistas em economia sustentável.
“A Amazônia, com sua riqueza de materiais sustentáveis, tem o potencial de ocupar um lugar de destaque no cenário da moda sustentável, unindo criatividade, responsabilidade ambiental e valorização cultural”, acredita Alcimara.
A moda autoral como resistência
A moda pode ser uma poderosa ferramenta de resistência e valorização cultural, principalmente para povos indígenas, ribeirinhos e comunidades tradicionais que, historicamente, têm seus saberes marginalizados pelo mercado global.
No painel “Tecendo Histórias: A Influência da Ancestralidade no Design de Moda Amazônico”, designers e pesquisadores discutirão como técnicas ancestrais podem dialogar com a inovação sem comprometer o meio ambiente.
Outro destaque da programação é o painel “Moda, Sustentabilidade e Ancestralidade na Amazônia: Educação, Turismo, Comunicação e Inclusão”, que explora como a moda pode ser um vetor de desenvolvimento social, sem repetir os erros da indústria convencional.
O evento reforça a necessidade de uma nova mentalidade em relação ao consumo e contará com workshops de consultoria de imagem e estilo, trazendo uma visão de moda que valoriza a individualidade e a ancestralidade, sem recorrer a padrões impostos por um mercado que ignora a diversidade de corpos e culturas.
Os desfiles trarão criações que utilizam biojoias, tecidos naturais e tingimentos orgânicos, destacando como é possível criar sem destruir. No encerramento, alunos e egressos da Estácio entram na passarela, reafirmando a importância da formação profissional para um mercado de moda mais justo e sustentável.
Serviço
Evento: Semana de Moda Amazônica
Data: 24 a 29 de março
Local: Auditório do G5 – Pátio Belém
Entrada: Gratuita
Programação completa: Aqui
Mais informações: @movimentomodaparaense (Instagram)