O Literatura por Elas está de volta, abrindo sua programação de 2025 com uma homenagem especial. No dia 14 de fevereiro, às 17h, o projeto promove uma Roda de Leitura dedicada à escritora Maria Lúcia Medeiros, que completaria 83 anos no dia seguinte. Nascida em Bragança, Maria Lúcia se mudou para Belém ainda na infância e construiu uma trajetória marcante na literatura e na educação.
Formada em Letras, atuou como professora e pesquisadora na Universidade Federal do Pará, sendo uma das pioneiras no ensino de Literatura Infantojuvenil na instituição. Seu trabalho influenciou gerações de leitores e educadores comprometidos com a difusão da literatura. Seu envolvimento com a formação de leitores e escritores se traduziu também em sua produção ficcional. Estreou na literatura em 1988, com Zeus ou A menina e os óculos, e seguiu publicando livros que transitavam entre diferentes estilos e abordagens, como Velas, por quem? (1990), Quarto de Hora (1994), Horizonte Silencioso (2000) e Céu Caótico (2005).
Sua escrita, marcada por sensibilidade e profundidade, encontrou no cinema outra forma de expressão: o conto “Chuvas e Trovoadas” foi adaptado para as telas pela cineasta Flávia Alfinito, com Patrícia França e José Mayer no elenco, ampliando ainda mais o alcance de sua obra. Não apenas no cinema, também no teatro de formas animadas. O projeto Mater Dolores, de Jefferson Cecim, traz as imagens da velhice representadas nos contos Mater Dolorosa, da escritora paraense Maria Lúcia Medeiros (In: Velas por quem? – 1991).
Entre outros legado deixados, está a propria Casa da Linguagem, em Belém, para a qual desempenhou um papel fundamental na concepção. Embora não tenha sido diretora da instituição, ela atuou como consultora ao lado do poeta Max Martins, que foi o primeiro diretor do espaço. Juntos, eles foram essenciais para o desenvolvimento das atividades culturais e literárias da Casa.
Ler Mulheres por todo o país
Escrever e publicar livros sempre foi um desafio para mulheres escritoras, numa época que o mercado era ainda mais dominado por homens. Maria Lúcia Medeiros fez parte de um grupo que enfrentou esse cenário e deixou um legado que reverbera na cena literária paraense e inspira escritoras de diversas gerações.
Hoje e, na verdade, há muitos anos que existe um movimento significativo de encontros dedicados à leitura de obras escritas por mulheres. Não é por acaso. Projetos como o Literatura por Elas cumprem um papel essencial ao revisitar e valorizar escritoras que ajudaram a construir o universo literário local e nacional. Em diferentes cidades, iniciativas semelhantes vêm ganhando força, há muitos anos, promovendo encontros que resgatam obras, vozes e histórias muitas vezes esquecidas pelo tempo.
Em dezembro de 2019, o Clube de Leitura Leia Mulheres Bragança também homenageou a escritora Maria Lúcia Medeiros, realizando uma leitura de suas obras na Praça do Coreto, pertinho da igreja de São Benedito. E tive o privilégio de ir a Bragança para participar.
Escrevi, no antigo blog, sobre essa experiência, a troca entre as leitoras, a emoção ao revisitar textos e a força que a literatura tem de criar conexões e manter viva a memória de suas autoras. Bragança também é minha terra, devo lembrar. E Maria Lúcia era uma prima, direta de meu pai José Benedito Sarubi de Medeiros, já falecido. Em vida, com ela, por tanta e um pouco mais de admiração, troquei ideias em Belém, e sonhos que residiam na Pérola do Caeté.
Serviço
Projeto Literatura por Elas realiza a primeira edição do ano. Homenagem à escritora Maria Lúcia Medeiros. No dia 14 de fevereiro, às 17h, na Biblioteca Paulo Mendes, da Casa da Linguagem – Av. Nazaré, esquina da Assis de Vasconcelos – Nazaré/Campina – Belém-Pa.
