A cidade de Cachoeira do Arari, na Ilha do Marajó, recebe nesta semana mais uma edição do Cordão do Galo, um projeto que há 17 anos leva cultura, arte e solidariedade para a comunidade local.
Até domingo, 12 de janeiro, as ruas, praças e escolas do município seguem ocupadas por oficinas, vivências culturais, apresentações musicais e ações de sustentabilidade que culminam em um grande cortejo pelas ruas da cidade.
Um dos momentos mais esperados é o bazar solidário, marcado para quinta-feira, 9 de janeiro, onde a comunidade poderá trocar itens utilizando uma moeda social criada especialmente para o evento, o “Galo”. Já no domingo, 12 de janeiro, o projeto chega ao seu ponto alto com o tradicional cortejo do Cordão do Galo. A concentração acontece pela manhã no Museu do Marajó, de onde o cortejo segue pelas ruas até a Praça da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição.
A festa se encerra com um grande show, que contará com a presença de Ronaldo Silva e Junior Soares, fundadores do Arraial do Pavulagem, além da Orquestra João Viana, composta por músicos que cresceram participando do projeto.
Festa une tradição, educação e transformação social

O projeto foi criado pelo Instituto Arraial do Pavulagem, em 2008, como parte da Festividade do Glorioso São Sebastião, festa reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. Desde então, tornou-se uma oportunidade para crianças e adolescentes entrarem em contato com a riqueza cultural do Marajó, aprendendo a tocar instrumentos, dançar, cantar e até andar sobre pernas de pau.
Mas o Cordão do Galo vai além do aspecto artístico. Em uma região onde as dificuldades econômicas são uma realidade, o evento também se destaca pela sua dimensão solidária. Todos os anos, doações arrecadadas em Belém são levadas até Cachoeira do Arari para serem distribuídas entre as famílias participantes. Em 2025, a campanha de arrecadação bateu recorde, reunindo mais de uma tonelada de cestas básicas, roupas, materiais escolares e itens de higiene.
A programação do Cordão do Galo 2025 inclui oficinas de design sustentável e restauro do brinquedo popular que dá nome ao evento, além de capacitações musicais com a Banda João Viana. As atividades ocorrem em diferentes pontos da cidade, como a Escola Municipal Adaltino Paraense e o Museu do Marajó.
Histórias como a de Gabriel Saraiva, de 13 anos, ajudam a entender a importância do Cordão do Galo para a comunidade. Participante do projeto desde os cinco anos, Gabriel aprendeu a tocar percussão nas oficinas culturais.
“O Cordão do Galo é como uma segunda família. Aqui, eu aprendi muito sobre cultura e música, e hoje me sinto parte de algo maior. Comecei quando tinha 12 anos e, desde então, aprendi valores como companheirismo e a importância de ajudar o próximo. Hoje faço parte da Orquestra João Viana, tocando clarinete e sax alto, e sinto orgulho de inspirar outras crianças que, como eu, encontram no Cordão do Galo uma oportunidade de crescer e se conectar com suas raízes.”
O projeto foi selecionado, em 2024, pelo Programa Rouanet Norte e conta com o patrocínio do Governo do Brasil, por meio do Banco da Amazônia, além do apoio do Banco do Brasil, Caixa e Correios. A realização é do Instituto Arraial do Pavulagem, com a parceria da Prefeitura de Cachoeira do Arari, Paróquia Nossa Senhora da Conceição e Museu do Marajó.
O Cordão do Galo segue como referência de como a cultura popular pode ser um agente de transformação, unindo arte, educação e solidariedade para gerar impacto social duradouro na vida de centenas de crianças e adolescentes do Marajó.