Um disco que nasceu no estúdio, se guardou por cinco cinco anos e agora ganha corpo no palco. Neste sábado, 3, o músico Mateus Moura apresenta ao público seu primeiro álbum solo, A Imitação do Vento, em show no Teatro Waldemar Henrique, às 20h, em Belém. O lançamento marca uma guinada poética na trajetória de um artista conhecido por se mover entre múltiplas sonoridades e experiências criativas.
“Esse é o meu lado mais lírico, mais íntimo. É um disco que fala em primeira pessoa, de dentro para fora, com esse espírito do vento, que sopra leve, mas carrega histórias”, define Mateus.
Com doze canções autorais, o álbum dá continuidade a uma caminhada construída em parcerias diversas, mas propõe um mergulho mais profundo na linguagem da canção como expressão existencial.
Nos últimos anos, o músico esteve envolvido em projetos como o Les Rita Pavone – uma salada musical entre o pop, o rock e a irreverência performática – e o Manto, que investiga ritmos e mitologias amazônicas.
Também assinou Com Licença, EP centrado nas encantarias e ritos da espiritualidade popular brasileira. Mas é em A Imitação do Vento que seu eu-lírico ganha mais espaço, assumindo a voz do peregrino que observa e canta a travessia.

“O disco foi se construindo como um sopro constante. Aos poucos. Sem pressa. Eu sempre tive muitas composições guardadas, então havia uma coesão latente, que só precisava de tempo para amadurecer”, diz.
Esse tempo foi vivido dentro do Guamundo Home Studio, ao lado de Renato Torres, parceiro musical desde os tempos do Lerita. Renato foi produtor como elemento-chave na tessitura sonora do álbum: gravou violões, desenhou arranjos de sopros, escolheu músicos e acompanhou todas as etapas.
“A gente se acompanhou nesses dez anos de música e o disco carrega essa história conjunta. É também sobre isso: o tempo compartilhado com quem nos escuta de verdade”, afirma.
Sem recursos públicos e com a pandemia pelo meio, o processo foi financiado de forma independente, entre trabalhos paralelos e contribuições afetivas. “Tentei passar em edital, mas nunca rolou. Então fui fazendo do jeito que dava, pendurando a conta e contando com a generosidade de quem acredita”.

Noite traz convidados especiais
No show que estreia neste sábado Mateus optou por reduzir elementos de cena, buscando uma apresentação mais enxuta, centrada na escuta e no gesto. “Em outros shows eu gosto de colocar muitos elementos. Nesse, quis experimentar o contrário. Menos para dizer mais”, reflete.
Acompanham o artista, Pedro Imbiriba, parceiro de longa data, nas cordas (violão, baixo e bandolim) e Sonyra Bandeira nos sopros, que pela primeira vez se apresenta com Mateus. “Sempre admirei o trabalho dela, e nesse disco o sopro tem também essa carga simbólica: é o próprio vento, é metáfora e presença”.
O espetáculo conta com participações de artistas que gravaram o álbum: Renato Torres, Íris da Selva e Cacau Novais, além de Otânia, presença recorrente na trajetória de Mateus, e que emprestará sua voz a uma homenagem feita à irmã do artista.
“Acho bonito reunir essas presenças que me atravessaram durante a criação. O show é um outro processo, mas nasce do mesmo espírito. É quando o vento encontra o corpo”.
O disco completo será lançado oficialmente no fim de maio, com distribuição internacional pelo selo Cantores del Mundo, mas o público já teve contato com parte desse percurso. Algumas das faixas estrearam ainda em 2018, em um trabalho cênico com a atriz Michele Campos. Outras foram lançadas em formatos de EP e single ao longo dos últimos anos.
Serviço
Show de lançamento do álbum “A Imitação do Vento” – Mateus Moura. Neste sábado, 3 de maio, às 20h, no Teatro Experimental Waldemar Henrique – Praça da República, Belém/PA. Ingressos: R$25 (à venda na bilheteria do teatro)
Produção independente
Apoio cultural: Ubi Nogueira
Apoio de alimentação: Padaria Verde Rosa
Apoio de comunicação: Dani Franco e Helena Ressoa
Apoio de produção: Andrea Rocha
Fotos: Antônia Nayane
Conheçam também, a seguir, “Matinta Chegou”, de Mateus Moura, Luana Moura e João Pedro Moura – LP “Com Licença”.