Monique Malcher: literatura premiada em tempos de telas e vozes digitais

Dando sequência ao nosso tema sobre os impactos da tecnologia sobre a literatura, batemos um papo com a escritora paraense Monique Malcher que, entrelaçando literatura, poesia e plataformas digitais, tem alcançando resultados positivos, seja nas interações com o público leitor, na divulgação de sua obra e trajetória, ou na hora também de criar novas histórias.

No cenário literário contemporâneo, a expansão das redes sociais e o uso massivo de dispositivos digitais têm aberto novas possibilidades de criação, divulgação e interação entre autoras e leitores. E Monique consegue como poucos e poucas transpor a essência de suas narrativas literárias para a plataforma digital, levando leitores a perspectivas marcadas pela pluralidade cultural de sua região.

Nascida em Santarém (PA), Monique transporta vivências pessoais e coletivas para contos, poemas e crônicas, mas também para o Instagram. Seu livro Flor de Gume, Prêmio Jabuti na categoria Contos em 2021, já circulou por diferentes espaços literários, presenciais e virtuais, comprovando como a literatura, aliada às possibilidades de conexão oferecidas pela internet, pode dialogar com um público cada vez mais diverso – dentro e fora do Brasil.

A seguir, Monique compartilhou com a gente suas reflexões sobre o impacto da tecnologia, as vantagens de interagir com leitores no ambiente virtual e as novidades que chegam para ampliar ainda mais o alcance da sua voz literária.

“Costumo acreditar que a palavra poética é eterna. É como a luz que passa pelas brechas das janelas e das portas. Em tempos de telas, o livro ainda é o refúgio para muitos, ainda há magia possível de alcançar o adolescente distraído ou distante. Sempre há um livro que vai mexer com nossas estruturas, muitas vezes pensamos que a leitura não é pra nós porque não fomos apresentados pra algo que realmente nos mova. E essa apresentação pode ser feita pela internet”.

Ao se referir à “palavra poética” como algo eterno, Monique acentua a permanência do texto literário independentemente das inovações tecnológicas. Contudo, ela reconhece que as redes sociais, quando bem utilizadas, aproximam autor e leitor de forma direta e espontânea.

“No lugar de escritora não praguejo as redes sociais; pelo contrário, tento me aproximar das pessoas com meus escritos. Acontece muito de alguém me acompanhar e ir lendo um poema, um conto… e se vê encantado ao ponto de comprar meus livros. Requer muita paciência nesse processo.”

Monique ressalta que esse impacto da tecnologia, para ela, se dá principalmente no processo de pesquisa para escrever um livro. “O quanto de informação posso coletar sobre um tema. Assim como a possibilidade de ter uma conversa com pessoas que têm informações importantes para a construção de meus personagens, pois nem sempre consigo viajar pra fazer pesquisa de campo”.

Quanto aos leitores, ela diz que eles experimentam algo que só com a tecnologia é possível. “Eles podem ter algo que por muito tempo eu não tive: acompanhar a vida criativa das escritoras que amam e poder falar diretamente o que sentiram lendo aquele material. Isso também me impacta como escritora. Não me influencia na hora da escrita o que os leitores pensam sobre o que escrevo, mas influencia na minha vontade de seguir com meu ofício. Não busco aprovação, mas amo ser lida. O que são coisas bem diferentes.”

Em 2025, a escritora segue trilhando uma trajetória fiel ao desejo de dar voz a realidades muitas vezes negligenciadas pela literatura dominante. “Esse ano será publicado meu novo livro, Degola, pela Companhia das Letras”, diz ela, guardando suspense. Monique também aguarda para este ano a nova edição de Flor de Gume, que sairá pela Editora Moinhos, além de sua tradução em espanhol, no México, pela Fondo de Cultura Económica.”

Para saberem mais é só acompanhar a Monique Malcher em suas redes sociais. E também segue, pra gente rever, uma entrevista feita com ela pela Tv Brasil, logo após ela receber o Prêmio Jabuti.

*Monique Malcher é escritora, jornalista, antropóloga e artista plástica brasileira, com Doutorado Interdisciplinar em Ciências Humanas pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Esta entrevista faz parte de uma série de 3 reportagens que abordam a relação entre literatura, tecnologia e formação de leitores e escritores. Leia também os bate papos com Marcos Samuel Costa e Fábio Fonseca de Castro.

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